terça-feira, 27 de abril de 2010

TIN-TIN

Gerana Damulakis

Doutor em Letras, o professor emérito da Universidade Federal da Bahia, Cláudio Veiga, tem uma série de livros publicados. Mas, é na Antologia da Poesia Francesa (do século IX ao século XX) - meu volume é a 2ª edição ampliada da Record, 1999 - que me deleito com suas traduções esmeradas.
No blog Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos (http://gikafreire.blogspot.com/), Gisele postou o poema "Brinde", de Stéphane Mallarmé, traduzido por Augusto de Campos. Há várias traduções deste poema; uma delas, a de Guilherme de Almeida, também é excelente. Como escrevi um comentário lembrando a tradução do querido professor, ela se interessou. Vai para você, Gisele: Tin-Tin.


BRINDE
---------Stéphane Mallarmé

Nada, esta espuma, virgem verso
Tão-só a taça nomeando;
Como além sereias em bando
Se afogam muitas ao inverso.

Navegamos, ó meus fraternos
Amigos, eu já estando atrás,
Na altiva proa vós cortais
Fluxos de raios e de invernos.

Pela ebriez eu sou levado
Sem recear o seu gingado
A erguer de pé a saudação

A toda coisa que revela,
Recife, estrela, solidão,
A inquietação da branca vela.

--------------------Tradução de Cláudio Veiga

Ilustração: Retrato de Mallarmé, Édouard Manet.