quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ODE A MATISSE


Gerana Damulakis

Conheci, no mundo real, Caio Rudá de Oliveira, do blog http://www.dasideiasdecaioruda.com/, no lançamento dos livros de Ângela Vilma e Mônica Menezes (aliás, foi muito interessante tantos blogueiros deixarem a existência virtual). Caio levou um presente para mim: um exemplar de seu livro de poemas Das ideias (Editora Virtualbooks, 2010). Eu poderia colocar aqui o poema "nunca me dê flores, meu bem", que considerei um dos melhores. No entanto, escolhi aquele que li primeiramente, usando a técnica (já mencionada em outra oportunidade) de Myriam Fraga: abre-se o volume ao acaso e, se a leitura do poema for satisfatória, o livro será lido desde a primeira página; coube ao poema "Ode a Matisse" ser o primeiro. Mas, sendo um poema curto, acrescento outro, "Testamento".


ODE A MATISSE
Caio Rudá

No final do arco-íris repousa um pote de ouro
Diziam pai, mãe e um livrinho sobre gnomos
cresci, morri e reencarnei num Matisse
E só então entendi tal asserção.

TESTAMENTO
Caio Rudá

Eu quero morrer louco
são nem um pouco
doido de pedra
demente, decadente
sem mente, sim
completamente doente.

Eu quero morrer assim
para não fechar meus olhos
ciente de que é o fim.

Ilustração: Música, de Henri Matisse.