sexta-feira, 28 de maio de 2010

A SEDUÇÃO


Gerana Damulakis

Fiz uma pequena reforma na minha biblioteca e, na hora de recolocar os quadros nas paredes, o homem trocou a disposição dos dois que ficam acima do computador, bastando que eu erga os meus olhos. Diretamente acima ficava Clarice Lispector e, do seu lado, João Cabral de Melo Neto. Agora, ergo os olhos e vejo imediatamente o poeta. A foto é exatamente a desta postagem, só que grande, com vidro, e emoldurada. É uma foto que me diz tanto. Bom, daí me ocorreu a lembrança do poema "A mulher e a casa", que levanta os mistérios da sedução da mulher, ao comparar ambas, mulher e casa. Vale atentar a sensualidade dos versos finais, a última estrofe.

A MULHER E A CASA
--------------João Cabral de Melo Neto


Tua sedução é menos
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.

Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,

uma casa não é nunca
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;

pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;

pelos espaços de dentro:
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,

os quais sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,

exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.


Foto de João Cabral de Melo Neto. Gostaria de saber quem fez esta foto.
João Renato comentou: "A foto é do Bob Wolfenson. Tá no site dele".

terça-feira, 25 de maio de 2010

SE SERÃO MAIS FELIZES?



Gerana Damulakis

Praticamente todo o livro de José Saramago, O Evangelho segundo Jesus Cristo (Companhia das Letras, 1991), serve como fonte de citações, diálogos formidáveis e êxtases literários. Já contei que tenho um belo caderno repleto de trechos de cada romance de Saramago; cada trecho com sua dada página e título do livro em questão.

Hoje, lembrei-me da cena de Jesus, em conversa com Deus. Jesus advogando a nossa causa: os anseios, os amores, as dores, as penas e, enfim, os sofrimentos e os desejos humanos - mais precisamente, a nossa almejada felicidade.

Fala claro, interrompeu Jesus. Não é possível, disse Deus, as palavras dos homens são como sombras, e as sombras nunca saberiam explicar a luz, entre elas e a luz está e interpõe-se o corpo opaco que as faz nascer. Perguntei-te pelo futuro. É do futuro que estou a falar. O que quero que me digas é como viverão os homens que depois de mim vierem. Referes-te aos que te seguirem. Sim, se serão mais felizes. Mais felizes, o que se chama felizes, não direi, mas terão mais esperança duma felicidade lá no céu onde eu eternamente vivo (SARAMAGO, 1991, p. 379).

domingo, 23 de maio de 2010

MUITAS PESSOAS



Não gosto de ler biografias. Meu fascínio é pela prosa de ficção, pela poesia - a ficção do sentimento, segundo a definição do escritor Aramis Ribeiro Costa - e pelo ensaio literário escrito por prosadores e poetas, tais como Virginia Woolf, W.H. Auden, Italo Calvino, Milan Kundera, Mario Vargas Llosa...

Colhi a frase de Fitzgerald, dada minha total concordância.

Nunca se escreveu uma boa biografia de um bom romancista. Se é um bom romancista, são demasiadas pessoas de uma vez.
Francis Scott Fitzgerald (1896 - 1940)

sábado, 22 de maio de 2010

SEM VOCÊ



AUSÊNCIA: Todo episódio de linguagem que põe em cena a ausência do objeto amado - quisquer que sejam a causa e a duração - e tende a transformar essa ausência em prova de abandono.
Roland Barthes in Fragmentos de um discurso amoroso (Francisco Alves Editora, 1991).

Sinto sua ausência hoje e enquanto viver sentirei, porque você é sinônimo de amor, do meu amor maior. Hoje você faria aniversário. Faria, não faz mais. Dentro de mim, todavia, você existe com todo potencial de amor que sempre despertou. Como uma criança aprende o que é o amor? Eu aprendi cedo com cada troca de olhar, com minhas latas de pêssego trazidas logo numa caixa grande repleta, para que a criança que gostava de pêssegos não deixasse de tê-los momento algum. Prestar atenção à satisfação do outro, olhar para ela falando com as meninas dos olhos (eu era sua menina dos olhos, você disse), e isso tudo é amor, o primeiro e o único que atravessa a vida sem altos e baixos. Firme e forte na presença e na ausência de hoje, um 22 de maio sem você, meu pai.
GD

Ilustração: Rosa Meditativa, de Salvador Dalí.

A MULHER DOS SONHOS


Recebi ontem também o meu exemplar de A mulher dos sonhos & outras histórias de humor (Via Litterarum, 2010), do escritor e acadêmico Aleilton Fonseca, cujo prefácio assino igualmente com muita honra e prazer. O livro será lançado em junho.

CONTOS DE SEXTA-FEIRA



Recebi ontem, no Encontro Literário da Academia de Letras da Bahia, o meu exemplar de Contos de sexta-feira (Assembleia Legislativa do Estado da bahia - Selo Primeira Edição, 2010), do escritor e acadêmico Carlos Ribeiro, cujo prefácio assino com muita honra e prazer.

Retirei do seu site CR Jornalismo & Literatura (http://www.carlosribeiroescritor.com.br/) o seguinte texto:

Conforme ressalta Gerana Damulakis, o livro traz um forte acento da memória, que rege a maioria dos contos; além da presença marcante da cidade de Salvador, especialmente do bairro de Itapuã, onde o autor viveu da infância até o início da sua fase adulta. Este aspecto é reforçado por Suzana Varjão: “Quase todo grande autor possui suas recorrências – de lugar, de tempo, de tema... (...) No Carlos Ribeiro de Contos de sexta-feira, algumas das mais evidentes permanências são melancólicos finais de tarde, os anos 60, ruas e casarios da cidade do Salvador”. E acrescenta: “Os espaços primordiais de suas reflexões são ‘entrelugares’; zonas limítrofes – e indefinidas – entre os mundos material e espiritual; ficções e realidades; terceiras margens, por onde transitam espantos, silêncios, perdas, saudades, memórias, solidões”. Selo Primeira Edição / Assembléia Legislativa da Bahia, 2010, 186 páginas.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

POESIA E PROSA: SÁBADO NA LDM

NEM MESMO OS PASSARINHOS TRISTES, Mayrant Gallo
MACROMUNDO, Wladimir Cazé

UM POETA QUE SE FOI

Morreu hoje o poeta Damário Dacruz (27/07/1953 - 21/05/2010).

GRAN FINALE
-----------Damário Dacruz

Avise aos amigos
que preparo o último verso.

A vida
dura menos que um poema
e no alvorecer mais próximo
saio de cena.

E, para lembrar seus achados e seu humor:

A lua
nasceu hoje
da mesma forma.

E você
fica exigindo
que eu seja diferente
todas as noites.

Damário Dacruz

terça-feira, 18 de maio de 2010

KÁTIA BORGES: UM INGRESSO PARA UMA VIAGEM POÉTICA

GD

O lançamento do 3º livro de poemas de Kátia Borges, Ticket Zen (Escrituras, 2010), foi uma festa e tanto. Acontecimentos: conversas literárias interessantes (atualmente, o poeta Luís Antonio Cajazeira Ramos e eu só fazemos elogiar os contos de Marcus Vinícius Rodrigues, de tão encantados que estamos - o elogiado, ouvindo tudo); saudades de outros tempos foram levantadas, dos tempos das colunas do jornal A Tarde, no Caderno 2, graças ao encontro com a editora Suzana Varjão, muito querida por todos; a poeta Myriam Fraga revelou que é uma contadora de casos e a conclusão é a de que ela deve escrever suas memórias; a presença do pessoal da blogosfera, o poeta Nilson Galvão e Marcus Gusmão, e a presença de mais escritores: Aramis Ribeiro Costa, Gláucia Lemos, Lima Trindade, Lago Júnior, Aleilton Fonseca e Rosana Patrício, Adelice Souza e muitos outros que foram chegando.
Da primeira leitura (este Ticket Zen está mais próximo do volume De volta à caixa de abelhas), retiro um poema que retrata bastante bem os comentários de Cajazeira Ramos nas "orelhas", quando diz: "O livro sugere um diário, no qual a poeta registra em versos as experiências de fato e de sonho, fragmentos de lembranças e planos, momentos de angústia ou calma, o que a inquieta ou conforta, suas saudades e desejos, as frustrações, o amor".

COMO CHUVA FORTE
-----------------Kátia Borges
----------------------------------Quisera desabar sobre ti.
------------------------------------------Olga Savary

Nada guardei de meu, nesta viagem,
companheira, nada
que possa recordar de bom
e de feliz tudo o que vivemos.
O que me vem de nós é turbilhão
de horas mansas, de afundarmos juntos, de
--------------------------------[corrermos
sem segurança em meio aos trovões.

O temporal do amor, a chuva forte,
deixou minha alma encharcada.
Ao pensar no que passou, pesam-me as pernas.

Hoje, dispenso todos os remédios
e lanço ao inferno os chás e os unguentos.
Rezo ao delírio, busco a febre insana, me entrego.

Foto: Kátia Borges. KB é jornalista, mestranda em Literatura e Cultura pela Ufba, integrante do quadro editorial do jornal A Tarde.

domingo, 16 de maio de 2010

PROPRIEDADE



Gerana Damulakis

O poeta Manuel Anastácio dialoga com o texto de Fernando Pessoa da minha postagem anterior. A poesia permite e, inclusive, ganha com os diálogos entre os poetas em torno das grandes questões. Sabedor e mestre dos versos, Manuel confere ao seu texto poético um lirismo a mais na surpresa do verso final, sempre encantando.

PROPRIEDADE

---------------Manuel Anastácio


Não possuo o teu corpo.

Mesmo quando o possuo,

Só quando por ele sou possuído

É que dou como indeferido o resultado da reflexão.

Não possuo o teu corpo

Nem a minha alma tem garras com que o agarre.

Não possuo o que como, que em mim se esvai,

Não possuo a minha alma, que em meu corpo se distrai.

Não possuo. Nem o que sei, em verdade, é meu

Se em verdade algo me não é dado que já não seja meu


Porque não sei se é, apenas teu, e a mim, vagamente,

Emprestado.

Nada em mim vejo aclarado e transparente.

Vagamente, nada em mim está, assim, em mim presente,

Nem sólido monumento, nem pensamento, nem palavra
nem fonema,

Nem dúvida nem certeza. Nem prosa nem poema.

Sonho? Provavelmente, não. Até porque a Ilusão

É arte que se vende cara.

Eu não sou eu.
E só não nego a tua presença,
Que não possuo,
Porque me entreguei em verdade e disse:
Sou teu.


Ilustração: Estudo cênico de Alamada Negreiros.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

EU NÃO POSSUO O MEU CORPO


Gerana Damulakis

É difícil apontar o meu poeta português preferido - talvez seja Mário de Sá-Carneiro - porque simplesmente venero a poesia do país irmão. Em tempo: jamais entendi a razão de Portugal ser nosso país irmão; assim, estava eu com uns 10 anos de idade quando perguntei - não, não perguntei, afirmei logo - para meu pai se o certo não seria país pai.

Mas o assunto é outro (eu sempre acabo em meu pai, desculpem, é que ele vive nos meus pensamentos). O assunto é Fernando Pessoa.

O escritor Luiz Ruffato teve a sorte de fazer uma seleção de textos (poemas, fragmentos de cartas) seguindo seu gosto - que trabalho delicioso! O resultado foi o livro Fernando Pessoa - Quando fui outro (Objetiva/ Alfaguara Brasil, 2006). Dele, retiro o texto bem pessoano que faz pensar e pensar e pensar.

EU NÃO POSSUO O MEU CORPO
Fernando Pessoa

Eu não possuo o meu corpo - como posso eu possuir com ele? Eu não possuo a minha alma - como posso possuir com ela? Não compreendo o meu espírito - como através dele compreender?

Não possuímos nem o corpo nem uma verdade - nem sequer uma ilusão. Somos fantasmas de mentiras, sombras de ilusões, e a nossa vida é oca por fora e por dentro.

Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer - eu sou eu?

Mas sei que o que eu sinto, sinto-o eu.

Quando outrem possui esse corpo, possui nele o mesmo que eu? Não. Possui outra sensação.

Possuímos nós alguma coisa? Se nós não sabemos o que somos, como sabemos nós o que possuímos?

Se do que comes, dissesses, "eu possuo isto", eu compreendia-te. Porque sem dúvida o que comes, tu o incluis em ti, tu o transformas em matéria tua, tu o sentes entrar em ti e pertencer-te. Mas do que comes não falas tu de "posse". A que chamas tu possuir?


Ilustração: de Almada Negreiros: Retrato do Poeta Fernando Pessoa, 1954.

domingo, 9 de maio de 2010

A ÁRVORE DA VIDA



Gerana Damulakis

Milan Kundera, em A arte do romance (Companhia de Bolso, 2009), coloca toda sua lucidez crítica sobre a literatura. A leitura sobre a literatura é tão fascinante quanto a arte literária mesma. Há uma parte dos ensaios, quando Kundera resolve fazer uma espécie de dicionário pessoal, um dicionário de seus romances, com sua palavras-chave, suas palavras-problema, suas palavras- amor...

Sobre a inexperiência, ele (e é por isso que preciso dos escritores) escreve exatamente o que, por vezes, me ocorre:

Nasce-se uma vez por todas, jamais se poderá recomeçar uma outra vida com as experiências da vida precedente. Sai-se da infância sem saber o que é a juventude, casa-se sem saber o que é ser casado, e mesmo, quando entramos na velhice, não sabemos para onde vamos: os velhos são crianças inocentes de sua velhice. Nesse sentido, a terra do homem é o planeta da inexperiência.

Milan Kundera

Ilustração: A árvore da vida, de Gustav Klimt.

terça-feira, 4 de maio de 2010

"HOJE, TENHO MUITO O QUE FAZER"



Gerana Damulakis

Muitos, muitos são os versos que habitam nossos pensamentos. Bastou que M., do blog Estranhamentos (http://estranhamentos.zip.net/), fizesse uma postagem sobre a poeta ucraniana Anna Akhmátova (1889-1966) para que exatamente os dois versos iniciais da 2ª estrofe do poema "Veredicto" mostrassem a permanência de tal poesia em mim. Conheço duas traduções. Uma delas é da conceituadíssima Aurora F. Bernardini e de Hadasa Cytrynowicz, mas optei pela de Lauro Machado Coelho porque os dois versos que me tomam estão naquela tradução.


VII
O VEREDICTO
------------Anna Akhmátova

E a pétrea palavra caiu
sobre o meu peito ainda vivo.
Pouco importa: estava pronta.
Dou um jeito de agüentar.

Hoje, tenho muito o que fazer;
devo matar a memória até o fim.

Minha alma vai ter de virar pedra.
Terei de reaprender a viver.

Senão… o ardente ruído do verão
é como uma festa debaixo da janela.
Há muito tempo eu esperava
por este dia brilhante, esta casa vazia.


in Réquiem: um ciclo de poemas (1935-1940). Seleção, tradução e notas: Lauro Machado Coelho. (L&PM, 1991).
Ilustração: Natan Altman, Retrato de Anna Akhmátova, a poetisa (1914).

domingo, 2 de maio de 2010

VERSO & PROSA

Gerana Damulakis

Os próximos livros do Selo Cartas Bahianas, da P55, serão lançados: a poesia de Karina e a prosa de Marcus Vinícius.
Karina Rabinovitz, do blog Sussurros (http://www.karinarabinovitz.blogspot.com/), que espalha seus versos pela cidade, publica o título Livro do quase invisível. Do seu blog retirei versos:

o peixe tinha molho de manga e alcaparras,
só pra lembrar:
a vida são essas farras!
entre doce_salgado,
leve_pesado
amanhã_passado

e no meio do furacão de tudo,
entre manga e alcaparras,
sua risada. suas asas.
só pra lembrar:
a vida são essas pausas...

Marcus Vinícius Rodrigues publica Eros Resoluto (contos). Sua prosa é aberta aos acontecimentos e aos momentos de quebra ao longo da vida. Tais momentos, ou tais acontecimentos, são recortados e plenamente preenchidos pela imaginação do ficcionista, sem desprezar o que ali ele possa colocar da experiência própria da realidade o que, contas feitas, torna seu texto sempre verossímil e com duas miradas, uma mais íntima, outra mais afastada.
Marcus também tem um blog, o Café Molotov:
http://cafemolotov.blogspot.com/

Dia 4 de maio, na Tom do Saber, Pirâmide do Rio Vermelho. Será muito bom: não percam!

sábado, 1 de maio de 2010

A PERSISTÊNCIA


Gerana Damulakis


Levei um certo tempo para encontrar o rápido diálogo, no qual Platão mostra Sócrates interrogando um personagem chamado Laches sobre a natureza da coragem. Tal texto me deixou extasiada desde a adolescência e, ao longo da vida, retornei a ele.


SÓCRATES: Tenho certeza, Laches, de que consideras a coragem uma qualidade muito nobre.

LACHES: Muito nobre, decerto.

SÓCRATES: E julgas que uma persistência sensata seja também boa e nobre?

LACHES: Muito nobre.

SÓCRATES: Mas, que dirias de uma persistência insensata? Não deve ser considerada, ao contrário, má e prejudicial?

LACHES: É verdade.

SÓCRATES: Olha então o caso de um homem que persiste na guerra, está disposto a lutar, e sensatamente calcula e sabe que outros o ajudarão. Sabe também que haverá contra ele menos homens, e inferiores aos que estão ao lado dele, e supõe que tem ainda a vantagem da posição. Dirias de tal homem... que ele ou algum homem no exército contrário, que está em circunstâncias opostas a estas, e que apesar disso persiste e fica no seu posto, qual é o mais bravo dos dois?

LACHES: Acho... que é o segundo, Sócrates.

SÓCRATES: Mas isso não é decerto uma peristência insensata?

LACHES: É verdade.


Ilustração: A Morte de Sócrates, por Jacques-Louis David.