
Gerana Damulakis
No tempo presente
e em todo canto, 
esgarço o que sou 
e o que não; porque 
solitária é a noite 
sem estrelas, 
tão na escuridão profunda 
do imaginário abismo, 
que se pinta e é assim pintada: 
o absoluto ou o nada. 
Também sempre pinto 
o que escravizo 
dentro de mim,
tal como a noite
prenhe de estrelas;
só que na hora mesmo
rasgo o véu negro
rasgo em gritos
rasgo os erros e talvez
os acertos; porque, 
agrade ou não,
deixo para a noite
a sua solidão. 
De Guardador de mitos, um livro de um outro tempo e de outras histórias que, graças, já passaram.
 
