sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ARRANJOS


Gerana Damulakis

No tempo presente
e em todo canto,
esgarço o que sou
e o que não; porque
solitária é a noite
sem estrelas,
tão na escuridão profunda
do imaginário abismo,
que se pinta e é assim pintada:
o absoluto ou o nada.
Também sempre pinto
o que escravizo
dentro de mim,
tal como a noite
prenhe de estrelas;
só que na hora mesmo
rasgo o véu negro
rasgo em gritos
rasgo os erros e talvez
os acertos; porque,
agrade ou não,
deixo para a noite
a sua solidão.


De Guardador de mitos, um livro de um outro tempo e de outras histórias que, graças, já passaram.