sexta-feira, 30 de novembro de 2007

DEZEMBROS


Aramis Ribeiro Costa



A mente lerda, entorpecida, arrasta
Em lentidão o tempo, idéias, membros
A tarde é morna e a própria vida é gasta
Na lassidão completa dos dezembros.

Nas esperanças dos janeiros basta
A vida que desbasta dos novembros
E a tarde se acomoda, lenta e vasta
Na tessitura lorpa dos dezembros.

O mormaço conjuga clima e fados
E em planos inconclusos e adiados
A tarde dezembral planeja e lembra.

São tempos vesperais que sinos plangem
Enquanto idéias poucos ventos tangem
E a mente, mole, sem querer, dezembra.




Este poema está em Espelho Partido - Sonetos Escolhidos - 1971/1996 (FUNCEB, 1996).

3 comentários:

Anônimo disse...

Aramis, gostei muito do "Dezembros". Principalmente de como você explora bastante o léxico tema, sempre com felicidade. Parabéns, poeta!

Letícia Losekann Coelho disse...

Adorei o poema e a intensidade que ele transmite...tem ritmo! Coloquei o teu link lá no ...ESPERAS
beijos

Kátia Borges disse...

Acho que Aramis traduz bem o sentimento de dezembro, quando o ano já findou e estamos dependurados entre o que fomos e o que podemos ser. Lindo!