sexta-feira, 12 de agosto de 2016

CONVERSAS COM HÉLIO PÓLVORA

As "orelhas" do meu livro Conversas com Hélio Pólvora estão assinadas por Aramis Ribeiro Costa. Segue o texto:

As  Conversas com Hélio Pólvora realmente existiram, e não somente nas entrevistas que são publicadas neste livro. Foram conversas que se tornaram uma única conversa ao longo de mais de vinte anos, do momento em que se conheceram àquele final em que ele partiu, deixando um imenso vazio em todos aqueles que o conheceram ou o leram.

O que uniu Gerana Damulakis e Hélio Pólvora, tornando-os grandes amigos e grandes interlocutores, foi o amor de ambos pela literatura, mas, principalmente, pela leitura. Grandes e apaixonados leitores, e não apenas dos consagrados, mas também dos que surgiam no cenário inesgotável das letras, eles tinham como assunto principal autores e obras, que discutiam à exaustão e com um enorme prazer em fazê-lo. Não foram poucas as vezes que leram propositadamente ao mesmo tempo os mesmos livros, com o intuito de trocarem ideias, durante e após a leitura.

Mas não apenas. Publicavam, ambos, com regularidade, resenhas e pequenos ensaios no Caderno Cultural de A Tarde. Gerana manteve, durante quatro anos, uma coluna semanal de crítica literária no Caderno 2 desse mesmo jornal, e ele a considerava a sua crítica oficial, encarregando-a de fazer as primeiras resenhas de seus novos livros, em jornais e periódicos. Também as entrevistas. Hélio não gostava de falar dele mesmo e de sua vida pessoal, talvez porque para ele o principal não fosse ele próprio, mas a sua obra. Escolhia Gerana Damulakis para entrevistá-lo, porque ela, além de conhecer profundamente a sua obra, e admirá-la, fazia-lhe, nas entrevistas, perguntas que diziam respeito à literatura, e não à vida pessoal do escritor. O resultado desse exercício permanente de cumplicidade e troca literária, encontra-se neste livro, escrito, na verdade, ao longo desses mais de vinte anos de convivência.

Por tudo isso, mas não unicamente pelo compromisso afetivo com o autor objeto desta obra, a sucessora de Hélio Pólvora na Cadeira número 29 da Academia de Letras da Bahia, a crítica literária e leitora Gerana Damulakis não podia deixar que se perdessem essas conversas, documentos que são da visão literária, da experiência, do conhecimento, do talento e da arte desse excepcional escritor que foi Hélio Pólvora, cuja obra de ficcionista é um patrimônio perpétuo da Bahia, a ser mais conhecida em todo o país.

Às entrevistas, a autora destas Conversas acrescentou textos seus sobre o escritor, publicados também ao longo desses muitos anos, exemplos de sua visão crítica, e que são outras tantas conversas, já que, ao serem dados a público em jornal, foram, na ocasião, lidos e comentados pelo próprio Hélio.



                                                           Aramis Ribeiro Costa

2 comentários:

João Renato disse...

Prezada Gerana,
Eu li do Hélio Pólvora apenas os "Melhores Contos" com seleção do André Seffrin. Me impressionou a capacidade com que ele "construía literatura" narrando episódios banais. Tem um conto no livro chamado "Casamento" que é quase sem um enredo propriamente dito, a beleza dele está na narrativa.
Abraço,
João Renato.

silvia zappia disse...

espero leerlo en breve

abrazo grande