quinta-feira, 2 de setembro de 2010

BONS MARIDOS FAZEM MULHERES INFELIZES



Gerana Damulakis

Pode ser, ou seguramente é, a observação de uma simples leitora, mas sinto na poesia de D. H. Lawrence (1885-1930) a poesia de um grande romancista. E ele foi uma grande romancista. Sem deixar de citar O Amante de Lady Chatterley, o romance Mulheres Apaixonadas me apaixonou.
Dizer que sua poesia é a poesia de um romancista parece leviano, é apenas uma impressão, só que ela, a poesia, traz nas entrelinhas a possibilidade de uma grande história.


BONS MARIDOS FAZEM MULHERES INFELIZES
---------------D. H. Lawrence

Bons maridos fazem mulheres infelizes
e maus maridos também fazem;
mas a infelicidade de uma mulher de marido bom
é muito mais arrasadora
que a infelicidade de uma mulher de marido ruim.

Tradução de Jorge Wanderley

Ilustração: Suplício por alívio, de Edvard Munch.

31 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Impressionantemente verdadeiro!
Também penso assim.
Assino embaixo...
Grande abraço, minha amiga Gerana!

Anônimo disse...

Gerana, não entendo bem o porquê, mas concordo plenamente com isso. Talvez porque a infelicidade gerada por um marido bom traga também a culpa; e culpa muitas vezes traz a inércia...

Unknown disse...

e que história essa, prefiro não comentar, rs,rs

abraço

Bípede Falante disse...

G.
Por que seria?
Fala um pouco sobre esse porquê.
bj.

Valéria Martins disse...

Caraca! Que versos terríveis. Me fazem lembrar a minha amiga que trabalha para um psicanalista carioca, que escreve para um jornal de grande circulação. Ele responde cartas. Ela já me contou que várias cartas são de mulheres cujas vidas iam bem, nada a reclamar... - mulheres de bons maridos -, aí arranjam um amante ou outro motivo para por tudo a perder. E depois vão chorar sua infelicidade nas cartas. Mas a infelicidade já existia antes, né?

É difícil assumir a responsabilidade por nós mesmos. Envolvemos os outros numa barafunda para justificar nossos sentimentos e atos. Enfim...

Beijos, querida Gerana

Anônimo disse...

De onde se conclui que as solteiras é que são felizes?

Valéria Martins disse...

Só queria saber como esse homem foi capas de conhecer tão a fundo a alma feminina. Não sei se ele era homossexual, mas mesmo que fosse, não justificaria. O amante de Lady Chatterley é uma obra prima sobre a alma feminina. O outro eu nunca li, mas vou procurar ler. Bjs

Unknown disse...

Nós temos o gosto bem parecido. D.H. Lawrence é,na minha opinião, subestimado por aqui. Você o traz em um momento muito propício. Tenho as poesias dele, sempre aqui comigo. "Escrever um poema é uma espécie de magia menor." Ele a exerce plenamente.
Obrigado. Beijos.

Eleonora Marino Duarte disse...

geraninha querida do meu coração...


suas considerações sobre a obra do grande-imenso escritor são bem pertinentes, você tem razão,

quanto ao poema...

bem... seu eu pensar bem "pensadinho", ele tem lá certa razão também! :)


beijos.

PS: a ilustração é lindíssima, parabéns pela escolha.

Tania regina Contreiras disse...

Nossa, eu concordo cem por cento.Não o diria com tanta clareza e tanta lucidez, mas, sim, é verdade.
Beijos,

Centelhas do outro disse...

Ser bom. Ser bom. Ser bom. Que tédio!
O ser humano é ruim de natureza. Reparem como ficamos presos às personagens más. Lembram daquela música: "você não vale nada mas eu gosto de você etc." A mocinha que fazia o papel de safada na novela ganhou o prêmio de melhor atriz. A gente gosta de uma safadeza. Ser bom não é bom, só se for escondido.
Abraço.

a vida em toda a dimensão disse...

Foi um prazer estar neste blogue.
Voltarei.
Um abraço

Lisarda disse...

Evidentemente, D. H. Lawrence desconhecía a palavra "because" ou "for example". E qué idéia escravista e perimida da mulher, que a sua felizidade dependa do bom ou mal humor do marido...
Concordo com vocé em que é um grande romancista.

AC disse...

Tem razão, há nas entrelinhas desta poesia a possibilidade de uma grande história.

beijo :)

dade amorim disse...

Pura verdade, Gerana.
Verdade também que o romance estraído desse pequeno poema seria um must :)

Melhorei do LER, mas tenho andado devagar com a internet.

Beijo pra você.

Nilson Barcelli disse...

Nunca tinha pensado nisso... mas com um marido bom, a mulher infeliz não tem saída fácil...
Querida amiga, bom fim de semana.
Um beijo.

gláucia lemos disse...

Que ideia é essa? Então as mulheres têm a neurose de precisar de marido ruim? Arranjem um marido ruim para ver o que é bom para tosse... A verdade é que ninguém foge da felicidade, quem está feliz quer continuar feliz mesmo, sim senhor, e quem está feliz e arranja um problema para acabar com a felicidade, um amante, ou o que quer que seja, é mesmo é NEURÓTICO, procura o sofrimento para ficar de coitadinho despertando piedade. Casos como O Amante de Lady Chartley, acontecem na realidade, mas são resultantes da má administração do tédio,o risco do perigo para movimentar o cotidiano.Seja o marido bom ou ruim. Infiéis todas as pessoas podem ser na prática ou não, dentro de cada um não há quem não seja infiel, se segura conforme a formação recebida e assumida.

Unknown disse...

hum.... Gerana, não entendi.....sério. Pq bons maridos fazem mulheres infelizes.... que coisa. Parece que mulher gosta de sofrer....

Maria Luisa Adães disse...

Não entendo bem a razão dos bons maridos tornarem as mulheres mais infelizes do que os maus maridos.

E as boas mulheres, tornam os maridos, maus maridos.

Me parece que o homem ou a mulher de boa índole, são sempre infelizes
e isso nos leva a pensar que o

"mal", sai sempre vencedor!



Maria Luísa

Ana Tapadas disse...

Talvez seja verdadeiro, mas preciso mesmo é de ler esta obra...
Sempre a aprender com teu sentido crítico.
Beijo querida Gerana

Lima Trindade disse...

Interessante, Gerana, é sua leitura da possível gênese de um romance/conto/novela no poema que traz também uma narrativa. Depois do seu comentário, a gente pensa em todas as possibilidades a serem exploradas a partir daí, além de remoer a memória em torno de estórias em que essa circunstância aparece... Será que Dona Flor se encaixaria nesse contexto?

Bernardo Guimarães disse...

e agora, o que faço?
vou perguntar a vera se ela é mais ou menos infeliz, pra saber que tipo de marido sou...

Bípede Falante disse...

Eu sigo aqui com a minha bipedice a pensar, que ainda prefiro um bom marido a um mal, porque se é para ter um marido e se o caso é da criatura não conseguir jamais se desvencilhar nem de um nem de outro, antes o que a ama e cuida do que o humilha e estraçalha.

aeronauta disse...

Gerana, sua biblioteca é infinita, e uma caixa de surpresas! Adorei esse "inusitado" post!

Alexandre Kovacs disse...

Interessante como esta postagem foi intensamente comentada. Bom tema para debate!

Fernando Campanella disse...

Seria uma crítica à insatisfação de uma mulher? Seria uma negação do laço matrimonial como o instituimos? Concordo com vc, acredito que esse poema pede um romance para que se desenvolvesse a tese sobre a insatisfação feminina do autor. Definitivamente não se enquadra na síntese que um poema deve produzir, precisa de uma narrativa, dissertações, descrições de estados psicológicos, etc. Ou estaria eu errado?
Um abraço, Gerana, obrigado pela carinhosa presença em minhas páginas.

Nilson disse...

Sou um marido ... e agora informado de que não muda muito ser bom ou ruim. Mas talvez faça que nem Bernardo e sonde Emília a respeito!

Unknown disse...

voltei pra ver de vc tinha respondido algo, diante da estupefação de seus seguidores...hehehe

Noé disse...

...indiferente mesmo ser bom ou mau, porque o que faz a esposa feliz é o amante, especialmente se ele for o marido....
Gostei do desafio!

Edu O. disse...

Tive que parar neste post porque é maravilhoso!!!!! Saudade dessas visitas deliciosas

Anônimo disse...

Não tem necessariamente bom,
basta ser indiferente,
vive anos e anos com vc, e não te conhece, vc faz parte da casa.
Dizer que vc é da mobilia não seria justo, pelo menos ele nota quando ela esta suja.
Não tenho nenhum sentimento de culpa,
pq ja falamos várias vzs sobre o assunto e a resposta é sempre a mesma :PROMETO QUE VOU MUDAR.
Mais não passa disso
Solidão a dois.