sábado, 17 de julho de 2010

A SÍNDROME DE STENDHAL

Gerana Damulakis

A literatura e tudo que envolve tal arte e seus artistas, tudo, enfim, acaba compondo um outro mundo: somos levados a esse mundo, incluindo suas curiosidades.
Aqui vai uma: a síndrome de Stendhal - o autor do genial O vermelho e o negro e do igualmente clássico A cartuxa de Parma - teve origem na descrição feita pelo escritor para registrar sua reação diante dos afrescos de Giotto na capela da igreja de Santa Croce, em Florença:
Absorvido na contemplação da beleza sublime (...) cheguei ao ponto em que se tem sensações celestiais (...). Tudo falou de modo muito vívido à minha alma.
Várias histórias, no começo do século 19, narravam sobre pessoas que desmaiavam diante da beleza artística de Florença. A síndrome foi nomeada, então, Síndrome de Stendhal, mas isso só se deu em 1979, por conta de uma psiquiatra italiana, Graziella Magherini, depois que analisou mais de uma centena de casos, desde ataques de pânico, até acessos de loucura temporária. Culpa da beleza extremada da cidade, dos afrescos de Giotto, ou produto da sugestão dada pelas palavras de Stendhal?


Ilustração: Giotto, dia da ascensão do evangelista João, capela Peruzzi da basílica da Santa Cruz, em Florença.

34 comentários:

aeronauta disse...

Que história interessantíssima, Gerana!

Paula: pesponteando disse...

Não conhcia esta síndrome voltada para o encantamento para com a arte. Ua curiosidade interessante, aliás, como tudo em seu blog.

Obrigada pela visita ao Pesponteando...

Abraços

Flamarion Silva disse...

Você sabe é coisa, hein Gerana! Muito interessante essa síndrome.
Beijo

Marcantonio disse...

Realmente, muito curiosa essa relação. Como interessante também é a própria sindrome, uma somatização do transe diante da beleza! Rs. Fiquei pensando no ataque de histeria que acometia fãs de algumas bandas de rock. Já imaginou que incrível alguém, após um grito, desmaiar diante de um Michelangelo? Certos museus teriam que ter enfermarias até munidas com desfribiladores!
A sua pergunta final me lembrou a questão da onda de suicídios após a públicação do Werther.

Muito bom!

Abraço.

Gisele Freire disse...

Olhe Gerana, que máximo essa informação!
Vc lembra da história contada que as pessoas que liam Werther do Goethe, suicidavam-se abraçadas ao livro?
Esses sentimentos extremados, super românticos me fascinam!
Florença faz com que tenhamos vertigens quase o tempo todo, se formos então muito, muito românticos realmente desmaiamos...
Vc sempre traz o melhor, obrigada por tuas preciosas informações:).
Bj
Gi

Unknown disse...

essa história me remeteu a outra, o do fenômeno da obnubilação que costumava acometer os viajantes diante das belezas do novo mundo, à época das grandes navegações.

abraço

Tania regina Contreiras disse...

Para a elevação que a beleza provoca, mesmo pra ela, é preciso que estajamos elevados. Curiosíssima história essa.
Beijos

Fernando Campanella disse...

Seja qual for a razão para o alumbramento extremo, acredito que a arte tem esse poder de fascínio, realmente. O que me 'toma' e me 'chama', é a natureza em suas manifestações. Tenho um fascínio por imagens, também. E tento transformar isso em arte.
Grande abraço.

Anônimo disse...

Sempre aprendendo por aqui. Muito bom.

Francine Ramos disse...

Eu me sentiria verdadeiramente feliz se acordasse num hospital e recebesse a informação que lá estava porque desmaiei contemplando uma obra de arte. Querer mais o que depois disso? :)

Um beijo!

Unknown disse...

Ai jesus, então tenho Síndrome de Stendhal, mas de observar a vida mesmo.
Gerana, vc me inicia em cada coisa....

Muadiê Maria disse...

êta força que tem as palavras!

Andrea de Godoy Neto disse...

Gerana, achei interessantíssima essa síndrome. O que é por demais belo também nos tira de nós, para um lugar além, melhor, um estado de consciência mais aberto. Talvez esse elevar-se com os pés no chão seja a chamada loucura.

beijos

josé carolina disse...

Você é uma flor!

silvia zappia disse...

coincido con Marcantonio y Gisele en lo que me recordó la lectura de tu pregunta final:la ola de suicidios después de publicado Werther.

besos,Gerana*

Alexandre Kovacs disse...

Acredito que esta função de emocionar as pessoas é que tenha feito da igreja, no passado, uma grande patrocinadora da música e arte de uma forma geral.

Bernardo Guimarães disse...

agora tem nome o que achei que fosse um piti: falta de ar em frente à pietà, chororô quando vi o Davi e desorientação quando circulei por Florença.

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

nunca conseguir ler Stendhal , gostaria de encontra-lo como você o encontrou

Bípede Falante disse...

Coisa maravilhosa desmaiar de emoção por aquilo que alegra os olhos e o coração. Eu, infelizmente, só desmaio de raiva *risos*.

Unknown disse...

Tenho a impressão, quem sabe falsa, que o homem se colocou em um tanque de dessensibilização. A cidade nos dominou, nos faz correr, e nos tirou o tempo e a vista para ver as belezas. Vivemos rodeados de violência e furor. Às vezes, uma parada em locais como esse, dá um refresco, e desperta uma lembrança benigna. Obrigado e meus parabéns. Beijos.

líria porto disse...

a beleza tem poder!!!

ah - adoro a palavra desmaio!

besos

José Carlos Brandão disse...

Obrigado. Não conhecia essa. A arte leva ao êxtase - porque nos extasiamos, ou literalmente - e agora esse êxtase tem nome. Quem diria!

Edu O. disse...

A beleza é de enlouquecer mesmo, perturba. Preciso ler mais sobre isso para minha pesquisa. obrigado

Juan Moravagine Carneiro disse...

Acho bacana a italianidade em Sthendal...

abraço e agradecido pelas visitas ao Rembrandt

Unknown disse...

oi.... vi passear na tua vida...

Nilson disse...

Deu vontade de ir a Florença e bancar o Stendhal!!!

Lisarda disse...

Tenho uma síndrome semelhante quando miro Passione.

Nilson Barcelli disse...

Estive em Florença, vi as pinturas, mas não tive nenhum sintoma do Síndrome de Stendhal.
Mas fiquei várias vezes de boca aberta perante tnta beleza.
O seu post é interessante. Até aprendi mais um Síndrme que não conhecia...
Beijos, querida amiga.

Ana Tapadas disse...

Já tive a sorte de passar por Florença duas vezes e de aí me deleitar...sonho voltar!
Quem me dera ter nascido por ali e deambular por aquelas ruas.
Ah Gerana, querida, ando às voltas com tabelas excel e tu a levares-me de volta aos meus sonhos e memórias!
Obrigada,
Beijinho

Ribeiro Pedreira disse...

bom ver um espaço de curiosidades e novidades literárias. vim através dos amigos da Laetitia Digital (Herculano e Ediney), gostei e passearei mais vzs.
Bj!

gláucia lemos disse...

A quanto pode levar a força da Arte! Também consideremos que Gioto foi um divisor de águas na arte da pintura, foi quem primeiro humanizou a representação dos santos, tornando-a, por isso mesmo muito mais impressionante. A sindrome de Stendhal eu ainda não conhecia. Interessante!

Lima disse...

Muito interessante a informação e também o comentário da Gláucia, pensar que Giotto nos aproximou da sacralidade e, com isso, de maneira especular, tocou nossa sensibilidade tão intensamente.

dade amorim disse...

Estive em Florença, mas só tivemos três dias pra visitar a cidade. Foi uma corrida contra o tempo e não conseguimos ver tudo nem digerir bem o que deu tempo de ver. Queria muito voltar lá com mais calma. A cidade e toda a Toscana valem a pena.

dade amorim disse...

Estive em Florença, mas só tivemos três dias pra visitar a cidade. Foi uma corrida contra o tempo e não conseguimos ver tudo nem digerir bem o que deu tempo de ver. Queria muito voltar lá com mais calma. A cidade e toda a Toscana valem a pena.