terça-feira, 29 de junho de 2010

"DOIS CORPOS", DE OCTAVIO PAZ



Gerana Damulakis

Octavio Paz (1914-1998), poeta mexicano, excelente crítico e ensaísta, não precisa mais do que alguns versos para atestar sua contribuição entre as grandes vozes da lírica hispano-americano. Escolhi a tradução de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Há outras. Quem tem uma tradução preferida, que opine e traga para apreciação; nunca será demais.



DOIS CORPOS
Octavio Paz

Dois corpos frente a frente
às vezes duas ondas
são, e a noite é oceano.

Dois corpos frente a frente
às vezes duas pedras
são, e a noite deserto.

Dois corpos frente a frente
são às vezes raízes
na noite enlaçadas.

Dois corpos frente a frente
são às vezes navalhas,
e é relâmpago a noite.

Dois corpos frente a frente
são dois astros que caem
num céu ermo e vazio.


Ilustração: O beijo, de Henri de Toulouse-Lautrec.

21 comentários:

Lisarda disse...

Sugestiva sugestão...

Unknown disse...

Dois corpos

Dois corpos frente a frente
são às vezes duas ondas
e a noite é oceano

Dois corpos frente a frente
são às vezes duas pedras
e a noite deserto.

Dois corpos frente a frente
são às vezes raízes
na noite enlaçadas.

Dois corpos frente a frente
são às vezes navalhas
e a noite relâmpago.

Dois corpos frente a frente
são dois astros que caem
num céu vazio.

Octavio Paz
tradução de Tereza Prado

Tania regina Contreiras disse...

Sou apaixonada pelo Octaio Paz...e a tradução de satisfaz.

Beijos, Gerana...
Tânia

silvia zappia disse...

excelente traducción Gerana!
y excelente el Toulouse con que ilustraste a Octavio.


besos*

Bípede Falante disse...

Maravilhoso, Gerana.

Ana Tapadas disse...

Adoro Octavio Paz e dele tenho alguns livros. Este poema é maravilhoso...
Houve mudança por aqui e está lindo!
Beijos





FORÇA BRASIL!

aeronauta disse...

Conheço mais o Octavio Paz ensaísta (maravilhoso), porém sua poesia, conforme se lê aqui, não deixa de também ser maravilhosa. Adorei esse poema. Abraços.

Anônimo disse...

Gerana, esse lance da tradução é interessante. Eu já tentei fazer isso como exercício. É dificílimo.

Jairo Cerqueira disse...

Lindo, Gerana.
"Dois corpos frente a frente; infinitas possibilidades de viveres".

Fernando Campanella disse...

Boa noite, Gerana, olha, quando Saramago faleceu a primeira pessoa em quem pensei foi você, pois sabia de sua admiração pelo trabalho dele.
Vim colocar em dia a leitura em seu blog, e, como sempre, encontro muita coisa interessante por aqui. Confesso que nunca li uma obra de Saramago (tudo tem sua hora, seu destino) mas gostei dos excertos que vc apresentou. Belíssimo o poema do Octavio Paz, e Guy de Maupassant eu li na adolescência, inclusive seu conto sobre a jóia falsa.
Gostei do visual novo de teu blog tb. Sempre um prazer passar por aqui, minha amiga. Grande abraço.

Unknown disse...

Parece que Octavio Paz é inesgotável. Na poesia, na prosa, na tradução. É um verdadeiro incentivo aos novos escritores. Querer começar algo depois dele, é de uma pretensão imensa. Recomendo também Sendas de Oku, uma tradução que ele fez de Bashô. É fabulosamente linda. Obrigado pela partilha. Muito obrigado. Beijos.

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

Todas as possibilidades do encontro em dois corpos neste poema e não nega ele a possibilidade também do vazio que os dois podem a ermo caírem , o que é bom sempre lembrarmos

Francine Ramos disse...

Não conheço escritores mexicanos e fiquei realmente encantada, que poesia linda! Vou procurar mais sobre ele.

Um beijo

glaucia lemos disse...

Não conhecia o poema, de quem é a tradução transcrita por você? Lautrec, o mesmo sempre e sempre incrível. O conde Lautrec!

Gerana Damulakis disse...

Gláucia: a tradução é de Aurélio Buarque de Holanda, está escrito no texto.

Jefferson Bessa disse...

Belas imagens surgem em cada estrofe do poema. Tudo se amplia quando dois corpos estão frente a frente. Lindo poema! Gosto muito de Octavio Paz como ensaísta e poeta.
Beijos, Gerana!

glauia lemos disse...

Obrigada, querida, desculpe minha desatenção. O Assis Freitas deu outra tradução, fiquei curiosa, e não reparei que a de Buarque de Holanda estava expressa no texto. A diferença entre as duas é pequena. Beijo.

Unknown disse...

Gerana
Otávio é um grande ídolo, da minha coleção grande de ídolos.

Dois corpos sempre me arrepia.

Roque Soto disse...

Estoy con usted que Octavio Paz es una de las grandes voces de la poesía latinoamericana. Excelente su traducción.

Un abrazo

Roque Soto disse...

Estoy con usted que Octavio Paz es una de las grandes voces de la poesía latinoamericana. Excelente su traducción.

Un abrazo

Eleonora Marino Duarte disse...

minha querida,

me desculpe a ausência, os filhos estão de férias e eu trabalhando.. uma loucura só!

octavio paz é definitivo!


gostei da nova cara do blog. mudei apenas um dos meus, mas temo que tenha ficado pesado. aqui ficou lindo!


um beijo!