segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

00: A DÉCADA DE BOLAÑO

Gerana Damulakis

Uma ilustração incrível estava no The New Yorker: dois homens com pás nas mãos, na beira de um morro, onde já se encontravam vários bustos devidamente instalados em seus lugares. Um busto novo vinha caindo, todavia ainda no ar, assim como se estivesse chegando para ganhar seu lugar merecido, quando um dos homens com a pá diz para o outro: “Aí vem mais um para o cânone”. A ilustração era do artigo que avalia o escritor Roberto Bolaño.

Pensei em fazer uma lista com os livros da década 00, a disposição passou, não tem cabimento, há muitos escritores que brilharam, que encantaram, que acrescentaram à literatura, só que há um escritor que realmente assegurou seu lugar: sem dúvida, trata-se de Roberto Bolaño. Não há espaço para uma lista quando um escritor da envergadura de Roberto Bolaño despontou na década.

O chileno que publicou pela primeira vez nos anos 80, depois publicou na década de 90 do século passado, morreu em 2003, com apenas 50 anos. Seus títulos, a grande maioria deles, foram lançados nos anos 00, ainda em vida e postumamente. O grande romance 2666, um “tijolo” que primeiramente suscita uma associação com Ulisses, de Joyce, ainda não chegou ao Brasil, mas já saiu em Portugal. Muitos títulos, tais como A pista de gelo, Os detetives selvagens, Amuleto, o incrível Noturno do Chile, o volume de contos Putas assassinas (com o conto inesquecível “Últimos Entardeceres na Terra”), Estrela distante saíram pela Companhia das Letras.

O que há em Bolaño? Precisamos seguir sua linhagem? Cervantes, Twain, Melville? Há Bolaño, que estarreceu a crítica, que virou mania, que nos envolve, que adentra a alma humana dos seus personagens para que encontremos nós mesmos.

Ilustração: Roberto Bolaño, por Riccardo Vecchio, retirada do The New Yorker (http://www.newyorker.com/), no artigo assinado por Daniel Zalewski.

4 comentários:

Unknown disse...

De Bolaño li Noturno do Chile. Um relato sobre a memória e os seus equívocos, ou os equívocos na construção da memória. Ou como ele muito bem resume:"la vida es una sucesión de equívocos que nos conducen a la verdad final, la única verdad". Um abraço.

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

gosto do Bolaño, gosto dessa mistura entre o leve o áspero, entre o que aparentemente já gasto parece resnascer....
feliz 2010

Bernardo Guimarães disse...

eu, infeliz, jamais li bolaño mas, pra que servem os gurus? vou correr atrás do preju e conhecer o homem.
vera adorou o recado via blog. mandamos bj.

dade amorim disse...

Eu bem que podia ficar calada, mas não resisto, tenho que cumprir minha penitência e aliviar a falta de nunca ter lido RB. Ainda chego lá, Gerana, tenho fé =o/