quinta-feira, 11 de junho de 2009

ROMEU E JULIETA

Gláucia Lemos


O nosso amor está ficando velho.
Como a velhice das ruas da infância
que me viram jogar amarelinha.
Mas quando as vejo, passados os anos,
aquelas ruas,
eu as vejo as mesmas,
com as mesmas árvores e os mesmos cães.
Aquelas ruas - ah! nunca envelhecem,
só porque são um tempo de feliz.
Está encanecendo, nosso amor.
Com a velhice dos olhos maduros,
com encontros que não nos viram juntos,
e com as verdades vivas que sabemos.

Ah, nosso amor jamais acontecido!

Esta certeza de que nunca envelhece
o que não teve hora nem espaço.
Se nunca teve início não tem fim.

É assim nosso amor que envelhece
em plena eternidade do não-feito.
Mas continua a brincar de esconde-esconde
com nós dois.

7 comentários:

Janaina Amado disse...

"Esta certeza de que nunca envelhece / o que não teve hora nem espaço." Lindo!

Gerana Damulakis disse...

Também achei, Janaina.

aeronauta disse...

Poema maravilhoso!

glaucia lemos disse...

Obrigada, a todas, pelas palavras gentis.

pereira disse...

Belo poema, os dois versos destacados por Janaína Amado são exemplares.

anna disse...

Gláucia: sou sua fã, que beleza de poema, quanta imagem bonita!

aeronauta disse...

Oi, Gláucia, obrigada por sua visita tão carinhosa.