segunda-feira, 30 de março de 2009

HOMENAGEM A ANKITO


Aramis Ribeiro Costa


Acabo de saber da morte de Ankito, aos oitenta e quatro anos de idade, e a minha surpresa foi a seguinte: eu não sabia que ele ainda estava vivo. A televisão mostrou, em seguida, algumas imagens antigas e outras novas. As antigas, todas elas, eu conhecia. As novas é que voltaram a me surpreender. Vi um Ankito velho, participando de alguma novela que seguramente não assisti. Um velho bem diferente do moço que ele fora. E pensei que, se alguma vez eu o vi numa das cenas dessa novela mostrada, não o identifiquei. No entanto, Ankito foi uma das maiores alegrias da minha infância. Muitas vezes comparado com o gênio da chanchada brasileira que foi Oscarito, essas comparações sempre o deixavam em patamar inferior ao grande cômico nascido na Espanha e rei absoluto da Atlântida. Curiosamente, entretanto, na minha infância muitas vezes preferi Ankito a Oscarito. A dupla Ankito-Grande Otelo teve-me como espectador assíduo e divertidíssimo, nas duras cadeiras sem acolchoamento do Cine Roma e do Cine Itapagipe, cinemas que também não tinham ar condicionado, tinham um som muito ruim, mas apresentavam programas duplos e triplos, que começavam a uma da tarde e terminavam às sete da noite, e representavam para mim dois redutos de sonhos e alegrias. Ankito, que se chamava Anchizes Pinto, mas ninguém queria saber disso, foi uma das estrelas de primeira grandeza dessas alegrias. Gerana não gosta de nada no Leitora Crítica que não seja literatura. Mas, peço que abra uma exceção, e me arranje um lugarzinho no blog, só desta vez, para que eu preste esta homenagem a Ankito.


Aramis Ribeiro Costa é escritor, membro da Academia de Letras da Bahia.
Foto do ator Ankito: João Miguel Júnior/TV Globo

4 comentários:

gláucia lemos disse...

Bonita homenagem, Aramis. Ás vezes deixamos de recordar pessoas que nos deram alegrias no passado, o que tem um toque de ingratidão.

Fred Matos disse...

Homenagem à qual me associo, Aramis.
Grande abraço.
Beijos, Gerana.

Luís disse...

Também curti muito o grande Ankito.

JIVM disse...

Aramis, belo gesto. Os deuses da infância são o sustentáculo da existência. Voam e cantam na memória. E riso e sorriso se amalgamam, criando momentos de felicidade. Abraços.
JIVM