segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

INTROSPECTO

Gláucia Lemos


Gosto de viver comigo mesma,
sou minha amiga.
Quando uma saudade bate o ponto
sou paciente para me assistir
à inútil chuva dos meus olhos.
Lavar o rosto depois,
passar batom,
e ir ao cinema.

Não me incomodo de olhar o reflexo
de um sorriso gasto.
De sentir raiva
por não sentir raiva
de andar sorrindo para a solidão.

Talvez não saiba amar.
Mas é tão feia a noite
quando descubro
que ando gostando de viver comigo mesma.


Gláucia Lemos é poeta, cronista e ficcionista, autora de 33 títulos publicados. A foto traz a capa de seu mais recente romance, intitulado Bichos de Conchas (Scortecci, 2008).

7 comentários:

Fred Matos disse...

Ótimo poema.
Beijos

Anônimo disse...

Gerana, li seu recado lá no Madame. Queria me matar de inveja, é? Poxa, foi bem bacana mesmo. Mas a dor de cabeça me deixou mal naquela noite e no dia seguinte ainda. BJ

Anônimo disse...

Achei o poema meio deprê. Mas talvez seja outra coisa que não entendi. Bem, senti isso.
Beijos, Gláucia.

Anônimo disse...

Também achei, Flamarion. Obrigada a você e a Fred por comentarem. Também a Kátia que não disse nada dele, mas passou por aqui. Beijos.

Gerana Damulakis disse...

Houve um momento na minha vida no qual me senti exatamente assim, daí o entendimento e a empatia com o poema; além da apreciação da qualidade dele.

Anônimo disse...

gostei bastante!
Um canto da vida que sempre há de se viver.

Anônimo disse...

Um perfeito retrato-poema de uma certo instante de vida. Gostei muito.