terça-feira, 16 de dezembro de 2008

INFINITUDE

Gláucia Lemos


Se me vieres, pouco te pedirei.
Não alteres teus horários
para ajustares aos meus.
Se o fizeres
te amarei com alegria.

Não desafies semáforos
para me veres mais cedo.
Se o fizeres,
a cada dia morrerei de susto,
e te amarei com remorso.

Não me jures amor eterno
para pintares sorrisos em minha face.
Se o fizeres,
pensarei na impermanência dos destinos
e te amarei sem certezas.

Não te peço que respeites meus ciúmes
para me veres tranqüila.
Ah, se o fazes...
Com quanta gratidão eu te amarei!

Só te peço que se um dia me vieres
rasgues de mim todas as solidões.

E me serás da terra, todo o bem,
e todo o mal serás.
E a tua completude
eu amarei sem qualificativos,
com esse amor absoluto de mulher.


Gláucia Lemos é ficcionista, cronista e poeta. Sua vasta obra está atualmente com 33 títulos publicados.

4 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Gostei do jogo entre "não precisa", mas "se fizeres", ótimo... Todas nós entendemos isto, é da alma feminina. Um poema que é, ao fim e ao cabo, um recado para os homens.

Fred Matos disse...

É verdade, Gerana.
Beijo-as

Anônimo disse...

Tentei me colocar no lugar desse ser apaixonado e me senti bem estranho, doente de melancolia. Realmente esse sentimento deve ser feminino, não que o homem não o sinta, mas é diferente.
Beijos, Gláucia

Anônimo disse...

Obrigada, Gerana, Fred e Flamarion. É enriquecedor observar a distância entre as maneiras de sentir masculina e feminina; graças a Deus que somos diferentes, por isso que somos complementares. Acho que, quando pedimos muito,acabamos cansando o outro. Por que não esperar que a doação venha? Ou não, se for o caso...