quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

DEZEMBROS



Aramis Ribeiro Costa


A mente lerda, entorpecida, arrasta
Em lentidão o tempo, idéias, membros
A tarde é morna e a própria vida é gasta
Na lassidão completa dos dezembros.

Nas esperanças dos janeiros basta
A vida que desbasta dos novembros
E a tarde se acomoda, lenta e vasta
Na tessitura lorpa dos dezembros.

O mormaço conjuga clima e fados
E em planos inconclusos e adiados
A tarde dezembral planeja e lembra.

São tempos vesperais que sinos plangem
Enquanto idéias poucos ventos tangem
E a mente, mole, sem querer, dezembra.

Aramis Ribeiro Costa é ficcionista e poeta. "Dezembros" está no livro Espelho Partido (FUNCEB, 1996).

3 comentários:

Fred Matos disse...

Belo Soneto, Gerana.
Beijos

Letícia Losekann Coelho disse...

Lindo o soneto do Aramis, Gerana. Perfeito em métrica e assunto.
Beijos

Anônimo disse...

Quando leio este soneto de Aramis (já o conheço e sempre gostei, sobretudo do final) sinto um desejo de "dezembrar" também com a beleza da sua inspiração. Um beijo Aramis.