sábado, 18 de outubro de 2008

SONETO DOS RESTOS


Ildásio Tavares

Cultivem outros requintadas flores,
exóticas, perfumes envolventes:
da corriqueira flor indiferentes,
em doçura de pétalas, nas cores.

Cultivem rubras rosas, seus ardores
ou as que, brancas, são evanescentes;
não as que são comuns, mas diferentes,
que para os olhos sejam esplendores.

Eu hei de cultivar, fiel assim,
flores selvagens que arranquei de mim
e que fizeram da ansiedade o leito.

Não são gardênias, lírios, alecrim,
são restos, vão chegando quase ao fim,
desamparadamente insatisfeitos.


17.X.08
Itapuã 5

Para os que não sabem, acima, local e data em que o poema nasceu e o n° da versão pela qual passou o poema em modificações. Considero como data a do nascimento.
Depois é o crescimento. Somos assim, nascemos num dia que nunca muda e depois temos um currículo. Este soneto, talvez ainda passe por modificações e aí teremos Itapuã 6,7,8 etc.

Tela "O Lago", de Tarsila do Amaral, de 1928. Retirado do site oficial http://www.tarsiladoamaral.com.br/

3 comentários:

Anônimo disse...

De mestre, do mestre Ildásio!

Gerana Damulakis disse...

Eu também aplaudo a poesia de Ildásio.

Anônimo disse...

O poeta Ildásio não é apenas mestre, é dono do verso, faz dele o que deseja.