terça-feira, 21 de outubro de 2008

SEM GUARITA

Luís Antonio Cajazeira Ramos


A saudade reside em meu portão.
Às vezes entro e saio sem notá-la.
Quando a encaro, porém, falta-me a fala.
Não há palavras para a solidão.

Terrível o lugar de seu plantão.
Sentinela invasora, não se abala.
Se entro ou saio, fuzila-me sem bala.
Caso contrário, prende-me no chão.

Tento ficar em casa em companhia.
Tento entrar e sair acompanhado.
Mas seu olhar me caça noite e dia.

Penso mudar de casa e dar um basta.
Mas nessas horas ela adianta o fado.
Mais se aproxima, e tudo mais se afasta.


Luís Antonio Cajazeira Ramos é autor de Fiat breu (Papel em Branco, 1996), Como se (Editorial Letras da Bahia, 1999), Temporal temporal (Relume Dumará, 2002) e Mais que sempre (7Letras, 2007).

2 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Luís: mostrei para Aramis, que também adorou. Parabéns!

Anônimo disse...

Você faz sonetos perfeitos. Tenho que parabenizá-lo.