quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

SITUAÇÃO

Gerana Damulakis
Para meu amigo que se foi tão cedo: o poeta Daniel Cruz Filho

Onde estou?
Como me situar
se espaço, tempo, energia
são conceitos relativos da teoria do homem?

Onde estou?
Como me geografar
se a equação ilógica
é indemonstrável, complexa questão
da mutabilidade do mundo
a cada segundo?

E, afinal, onde estou?
Como me localizar
se o eu vaga mais que o corpo,
é totalitário e onipotente,
refazendo-se à revelia de mim?

Como me plantar
nos meus pés
quando se fixar pode significar morte,
o fim absoluto,
renegado sete vezes,
sete vezes injuriado?

E, afinal, o que esperar?
Que um mapa deva limitá-lo
em seu mundo, ó imaginário:
viajante de mim.



De Guardador de Mitos (Edição do Autor, 1993).
O poema é dedicado a Daniel Cruz Filho desde sua feitura, mas na ocasião ele estava vivo.

2 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

o que falar deste poema...fala da morte..como estar perdido, sumido... belo e triste ao mesmo tempo!
gostei!!
beijos meus

Anônimo disse...

E você fala mal da sua própria poesia... Gerana exacerba na auto-crítica. Insatisfação também é procura de perfeição, mas não justifica à autora ignorar o valor de poemas como esse e como DEPOIS DO INICIO. Aplausos para você.