Aramis Ribeiro Costa traz seu mais recente romance, As Meninas do Coronel, pela Editora Via Litterarum. Vide site:
leitora crítica
"O leitor ideal não reconstrói uma história: ele a recria". Alberto Manguel
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
AS MENINAS DO CORONEL - UM ROMANCE DE PRIMEIRA PARA QUEM AMA LER ROMANCES DE PRIMEIRA
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
A AUTORIA DA EXPRESSÃO "NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO"
Busto de Cneu Pompeu
Varsóvia
Cantidiano Lustosa
-Tempus fugit!, dizia Julius Caesar, o imperador romano. Os silos de Roma estão ficando vazios!
A essa época, Roma
vivia sob o Triunvirato* com Caius Julius Caesar, Marcus Licínius Crasso e Cneu Pompeu. Este
gozava de grande prestigio popular em razão de suas conquistas bélicas,
mormente na Sicília. Os membros da nobreza, Césares e Senadores, não poderiam
permanecer desabastecidos de pão, farinha, grãos e cereais, pois que, esses
produtos constituíam a base alimentar de toda Roma.
Eis que o divino Caesar
ordena a um de seus generais a tomada de providências rápidas, porque Roma não
pode passar fome. Era o século I A.C., ano 56. O general Pompeu, genro de Júlio
César, é convocado para uma audiência com o divino Caesar que lhe diz textualmente
para organizar e comandar navios rumo a alguns de seus domínios em busca de
trigo. Seguiriam para a região da costa d’África, Egito e Gália, importantes centros produtores
e fornecedores de Roma. Ao confrontar os marinheiros para a empreitada, estes
mostraram-se reticentes e receosos com a longa e tenebrosa viagem, sabendo que
enfrentariam águas perigosas, o ataque de piratas ao passarem pela costa do
continente africano e ainda pelos cabos de regiões tormentosas banhadas pelas
águas do Pacifico. Não havia instrumentos de navegação como bússolas ou
astrolábios. Tudo era empírico, na base da experiência dos pilotos da época que
simplesmente observavam o posicionamento das estrelas, o humor do mar e dos
ventos. Ao ouvir as alegações dos receosos marujos o astuto general Pompeu,
numa tentativa de encorajar os tripulantes proferiu : - “Navigare necesse; vivere non est necesse”.
Parece que os
marinheiros romanos previam o que escreveria Luiz Vaz de Camões muitos anos
depois em Os Lusíadas, nas estrofes de 39 a 48, onde menciona a audácia dos
portugueses em navegar por aqueles mares, descobrindo o Cabo da Boa Esperança.
Um horrendo gigante de tamanho descomunal como um novo Colosso de Rhodes, de
postura medonha e má, bradando que tomará contra quem o descobriu, crua
vingança. Naves serão destruídas e males de toda sorte serão a eterna vingança,
que o mal menor de cada um seja a morte.
Tudo por Roma e pelo
divino imperador. Valeria o sacrifício da vida para saciar as necessidades
alimentícias do império onde as elites esbanjavam, nos banquetes, tudo com
enorme sacrifício dos súditos? Navegar para prover de suprimentos seria mais importante do que preservar a vida? O que pretendeu dizer o general com
sua afirmativa? “ Navegar é necessário; viver não é necessário”.
Pois bem, já no
século XIV, o poeta italiano Francesco Petrarca traduziu e modificou a
expressão: -Navegar é preciso; viver não é preciso”. Será que em havendo uma necessidade imperiosa para se
conseguir algo, mesmo em nome da pátria, a não ser numa guerra declarada, essa
necessidade suplantaria a vida? Certamente que não. Petrarca estava correto na
sua afirmação, dando um sentido diferente à célebre frase do General Pompeu, embora
o sentido pareça o mesmo na sua tradução. Deduz-se que é preciso, é necessário
navegar para obter-se o abastecimento da cidade. Por outro lado, o ato de
navegar obedece regras precisas, quase
matemáticas, já que depende de cálculos de longitudes, altitude dos astros e
estrelas, previsões meteorológicas e velocidade dos ventos. Viver não é preciso
porque a vida é nalguns aspectos imprevisível, não está associada a cálculos
matemáticos. Não é exata. Sabemos quando
nascemos, mas não temos certeza do quanto viveremos, quando chegará a hora do
último suspiro.
“Navegar é preciso;
viver não é preciso”. Slogan da Escola de Sagres em Portugal.
No meu modesto entender, esse é o verdadeiro sentido do
pensamento do poeta Petrarca, em contraponto ao que disse o general Pompeu.
O poeta português,
Fernando Pessoa, imaginou a frase dando um sentido de grandeza humanística. Que
o sacrifício de sua própria vida poderia ser possível, até mesmo como
combustível de uma fogueira, desde que em benefício da humanidade.
fevereiro 2019
Cantidiano Lustosa é odontólogo. Escreve contos e crônicas.
domingo, 8 de dezembro de 2019
NA POSSE DE EDVALDO BRITO NA ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA
POSSE DE EDVALDO BRITO NA ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA
Foto: os acadêmicos Aleilton Fonseca, Marcus Vinícius Rodrigues, Gerana Damulakis.